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28.6.09

Lemniscata


«O selo deste prémio foi criado a pensar nos blogs que demonstram talento, seja nas artes, nas letras, nas ciências, na poesia ou em qualquer outra área e que, com isso, enriquecem a blogosfera e a vida dos seus leitores

O galardão foi-me atribuído pela Cláudia Sousa Dias, autora do
Há sempre um Livro à Nossa Espera e co-autora do Rendez-vous. Muito obrigada pelo mimo! :)

Lemniscata: curva geométrica com a forma semelhante à de um 8; lugar geométrico dos pontos tais que o produto das distâncias a dois pontos fixos é constante. Lemniscato: ornado de fitas; do grego lemniskos, do latim, lemniscu; fita que pendia das coroas de louro destinadas aos vencedores. (in Dicionário da Língua Portuguesa, Porto Editora)

De acordo com as regras atribuo o Prémio deste post aos seguintes blogues:

A Esquerda da Vírgula, de nd
Circo da Lama, de Bruno Vieira Amaral
Humanos, de Paulo Costa
In the Meadow, de Silvia Chueire
O que cai dos dias, de João Ventura
O lado esquerdo, de Arsélio Martins

27.6.09

Projecto "Avenida"

Hoje, dia 27 Junho, pelas 21:30, poderemos assistir no Mercado Negro à primeira apresentação do projecto "Avenida".
Este projecto insere-se no conjunto de actividades que o movimento cívico
Amigos d'Avenida tem vindo a apoiar e a dinamizar e consta de um documentário sobre a Avenida Lourenço Peixinho (e respectiva banda sonora) realizado pelo músico e compositor Joaquim Pavão e produzido por Tânia Oliveira da Senso Comum.

Este projecto resulta de um trabalho de pesquisa e recolha de dados e materiais que a equipa de investigação, produção e realização tem estado a desenvolver sobre o espólio fotográfico e documental da Avenida e procura reflectir sobre três momentos distintos do seu desenvolvimento: o passado, o presente e o seu futuro.

O projecto não está ainda concluído, pelo que se pretende com esta primeira sessão fazer uma breve apresentação do projecto e recolher eventuais testemunhos (orais ou documentais) ou sugestões sobre o documentário "Avenida".

O programa da sessão será o seguinte:

Os amigos da Avenida - Gil Moreira (e outros amigos)
O projecto Avenida - Tânia Oliveira /Senso Comum
A História da Avenida - Rosa Oliveira
Concerto - Joaquim Pavão (realizador e compositor)

Avenida
I - Passado
II - Presente
III - Futuro
Sobre Paredes - II andamento ""Verdes Anos"
Medeia - III Andamento - Jasão
Ignorâncias I
(re)Volta e Meia
A Sesta


Convidam-se todos os aveirenses a participar na apresentação e discussão do projecto 'Avenida'.

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A “fantástica história” da avenida passa a documentário - Diário de Aveiro, 27-06-09

Joaquim Pavão realiza documentário sobre a principal artéria de Aveiro. Obra pode entrar no circuito comercial e dar origem a um DVD

“Era preciso mostrar a fantástica história de uma avenida que não é nada de mais quando comparada com tantas outras, mas é o produto da vontade férrea de um homem (dr. Lourenço Peixinho), de uma sociedade, da cidade onde escolhi habitar”. Desta forma, explica Joaquim Pavão, o realizador, nasceu “Avenida”, um documentário sobre a principal rua de Aveiro, que é hoje apresentado pela primeira vez (Mercado Negro, 21.30 horas).
O projecto insere-se no conjunto de actividades que o movimento cívico Amigos d'Avenida tem vindo a organizar em prol da dinamização daquela artéria.
O filme foi inicialmente cogitado como uma pequena peça. “Passada uma semana após a primeira reunião pública dos Amigos d'Avenida, retirei da gaveta quatro folhas de rascunho de uma futura obra para guitarra sobre Aveiro e surgiu o primeiro esboço de uma curta-metragem”, clarifica Joaquim Pavão.
Mas o projecto rapidamente evoluiu para um documentário (já vai em 60 minutos e ainda está inacabado), após uma pesquisa sobre a “história” da avenida e as “estórias” da sua gente. “Avenida” procura “recriar fielmente” o passado desta artéria com o auxílio de actores e do Grupo Cénico e Etnográfico das Barrocas, esclarece o cineasta.
“O que achei curioso é que ao olhar para a Aveiro em 1918 encontro uma grave crise económica, um período entre guerras, uma República pueril e turbulenta, emigração em busca de uma vida melhor e um poder local sem margens financeiras para agir”, diz. Lourenço Peixinho, porém, “ousou e apenas trabalhou em soluções sem parar nos problemas”. Por isso “tornou-se imprescindível prestar-lhe homenagem”.
As dificuldades em financiar a obra não têm travado o seu avanço. “Não posso deixar de fazer um paralelismo entre este projecto e a história da vontade do próprio Dr. Lourenço Peixinho, que apesar das diversas contrariedades económicas e sociais persistiu”, realça Joaquim Pavão. “Acredito nas estórias que descobri, do poder de um colectivo. Gostaria que este documentário fosse de todos, uma partilha do mesmo espaço de reflexão e empenho, uma acção conjunta”, acrescenta.
O documentário é “ambicioso a nível técnico e artístico” e comporta custos elevados. “Até ao momento não foi a falta de apoio financeiro que o deteve. No entanto, não posso deixar de reconhecer a importância que o financiamento tem para a continuidade de projectos como este”, refere, salientando que “Avenida” já foi submetido a “diversas linhas de apoio”.
Para já, e depois da apresentação, hoje, de alguns trechos do filme e da sua banda sonora (composta propositadamente, também por Joaquim Pavão), será criado um sítio na Internet com informação sobre o projecto, vídeos inéditos e fóruns de discussão.
Mais para o fim do ano está prevista a participação do documentário em festivais nacionais e internacionais e a sua entrada no circuito comercial em salas portuguesas. Para mais tarde está previsto o lançamento de um DVD.

Rui Cunha

22.6.09

Food, taste and hunger

Em 2006, por ocasião do 56º Festival Internacional de Cinema de Berlim, foi lançado um convite para a criação de uma curta-metragem temática sobre "Food, Taste and Hunger". A Organização recebeu 3600 candidaturas, mas seleccionou apenas 32 para a Berlinale Talent Campus. Este filme, do realizador Ferdinand Dimadura, foi considerado "The most popular short film" na competição.

Como li no Caderno de Sociologia (onde encontrei o filme), o problema não está na riqueza mas na sua distribuição. mais, talvez o problema não esteja sequer na desigualdade da distribuição, mas no excesso dessa desigualdade. Repito a citação de Agostinho da Silva que me acompanha há dias: «Sinto-me cada vez mais apaixonado por coisas que a matemática não prova que existam». Um dia, vai deixar de ser assim. Um dia, a demência do homo sapiens sapiens vai exprimir-se noutros territórios que não o do consumismo e da fome.

20.6.09

Batalha das Flores em Aveiro



No dia 18 de Junho a Ria encheu-se de flores. Na origem: uma batalha de flores entre ceboleiros e cagaréus. Prometo descrever com mais pormenor esse evento. Por hoje, fica apenas a moral da história: a Ria não separa, une. as gentes!

MANIFESTO POR UMA POLÍTICA DE ANIMAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO


Os “Amigos d’Avenida”, um grupo de cidadãos abaixo assinados, porque se preocupam com o futuro da sua cidade, vêm por esta forma convidar todas as pessoas e instituições a participar e desenvolver reflexões e iniciativas que contribuam para o estabelecimento de uma “política de animação e qualificação do espaço público”. Apresentam, por isso, dez princípios de intervenção:

1. Trazer as pessoas para a rua. Fomentar uma utilização regular dos espaços públicos pelos aveirenses, dando-lhes a conhecer a sua cidade e promovendo a sua participação activa nas actividades de animação do espaço público.

2. Promover a apropriação do espaço público. Promover um sentimento de identificação com a cidade e de pertença a uma comunidade alargada, através do fomento da utilização dos espaços pela população e instituições sociais e culturais.

3. Incrementar a interacção social. Criar as condições para que os espaços públicos se assumam como espaços de comunicação, convívio e troca de experiências entre pessoas de diversos contextos socioeconómicos, culturais e, também, geracionais.

4. Assegurar a diversidade de actividades artísticas e culturais no espaço público. Promover actividades dirigidas para diferentes públicos e áreas de interesse, contribuindo para o prazer de todos os que nelas participam e demais utentes, garantindo a manutenção de funções quotidianas dos espaços e a diversidade de utilizações e utilizadores.

5. Criar momentos de experimentação. Promover actividades que propiciem a experimentação de novas formas de utilização e apropriação dos espaços públicos a partir dos recursos existentes.

6. Valorizar a memória da cidade. Divulgar a(s) História(s) da cidade e da região, promovendo actividades de recuperação de espólios, de organização de arquivos, de investigação científica e de criação artística potenciando a sua valorização em actividades de animação do espaço público, contribuindo para a consolidação de uma memória e identidade colectivas.

7. Incutir um sentido de responsabilidade social na animação do espaço público. Veicular que os espaços públicos são uma responsabilidade de todos e que, no caso da sua animação, os agentes culturais devem entender a sua participação também como uma actividade de responsabilidade social.

8. Aproveitar o espaço público como veículo de divulgação e promoção da actividade artística, cultural e de divulgação científica. Utilizar o espaço público para divulgar a qualidade e diversidade de recursos artísticos, culturais e científicos da cidade, tirando partido das novas tecnologias.

9. Garantir um espaço público inclusivo e com adequado equipamento urbano. Assegurar a existência e utilização adequada de recursos para criar e manter espaços públicos inclusivos, sem restrições de acesso a todos os cidadãos, confortáveis, limpos e com as infra-estruturas adequadas (tecnologias, mobiliário urbano, pavimentos) que privilegiem a sua utilização pelos cidadãos.

10. Assegurar a ligação dos espaços públicos ‘em rede’. Assegurar a continuidade, conectividade e complementaridade dos espaços, em termos do seu desenho e dos usos e actividades que albergam.


AMIGOS D’AVENIDA, AVEIRO
http://amigosdavenida.blogs.sapo.pt/


Subscreva o Manifesto enviando um
email para:
amigosdavenida@gmail.com os seguintes dados: nome, profissão, localidade e email (facultativo)


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Actual lista de subscritores do MANIFESTO


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contributo #1 - A Avenida e a área pertinente de estudo
contributo #2 - Problemas e potencialidades da Avenida

mais informação no blogue Amigos da Avenida

19.6.09

Carlos Candal (1938-2009)


Morreu Carlos Candal. Nas eleições legislativas de 1995, foi cabeça de lista do PS por Aveiro. Foi por essa altura que escreveu o célebre «Breve Manifesto Anti-Portas em Português Suave» onde se assume como «Republicano convicto, socialista humanista e democrata sem transigências». O Manifesto provocou enorme celeuma. Fundamenta as carreiras políticas em Portugal na «solidariedade corporativa» entre membros da Maçonaria, confrades da Opus Dei, agentes dos grupos económicos e «parceiros da comunidade gay». O estilo tem um quê de I República. É um texto digno das Farpas. Intolerante para alguns, simplesmente frontal para outros, a verdade é que essa peça política nunca mais foi esquecida. Lembro-me de pensar, quando vim viver para Aveiro, que esta era a terra de Carlos Candal. Acabei por me cruzar com a figura várias vezes. Mais do que arrogância, emanava carisma na política. Mas pareceu-me ser um homem afectuoso em termos pessoais. O seu desaparecimento deixou consternados os aveirenses de todos os quadrantes políticos.

Foi um dos fundadores do Partido Socialista. Foi um dos organizadores dos últimos
congressos da Oposição Democrática. Deixo aqui, vindo do passado, um documento que já vive no futuro do futuro.


BREVE MANIFESTO ANTI-PORTAS EM PORTUGUÊS SUAVE
«Real Senhor ía passando… Encostado à bananeira, diz o preto para preta: está bonita a brincadeira.”

1.- Estava eu ‘posto em sossego’ – aprestando o barquito da família para umas passeatas na Ria -, quando soube que vinham albergar em Aveiro nada menos que 2-intelectuais-2 de Lisboa, apostados em trocar a missanga de meia-dúzia de refervidas ideias por um açafate cheio do marfim eleitoral deste Distrito.
De pronto apostado em estragar-lhes o negócio, ainda ponderei então a conveniência de dar um salto algarvio à Praia dos Tomates – para um tonificante estágio ‘à la minuta’, junto da elite bem-pensante e vegetariana da Capital em férias.
Todavia, depressa desisti desse passeio para o sul – confiado em que a singela funda-de-David, que sempre me acompanha, bastaria para atingir e abater essas aves de arribação.
Não é que não goste de pássaros. Gosto. Mas detesto os cucos políticos – que usurpam e se instalam com à-vontade nos ninhos feitos por outros companheiros (ía a escrever ‘camaradas’ – expressão regional caída em desuso, mas recuperável).

2.- Deixando os eufemismos, a verdade é que venho lutando desde há muitos anos (frustradamente embora) contra o latrocínio institucional de que a região de Aveiro vem sendo vítima: designadamente, tiraram-nos o Centro Tecnológico da Cerâmica; o Centro de Desportos Náuticos foi também para Coimbra; o discreto porto da Figueira da Foz vem sendo privilegiado em relação ao porto-de-mar de Aveiro; a nossa Universidade só começou a receber dotações decentes depois de saturada a Universidade do Minho; as questões da bacia do Vouga são tratadas na Hidráulica do Mondego; a Direcção dos Serviços da Segurança Social de Aveiro foi transferida para Coimbra; os nossos Serviços de Saúde foram degradados para ’sub-regionais’; a Agricultura do Distrito passou a ser dirigida pela Lusa Atenas e por Braga (!); e a supervisão da Educação na região foi repartida entre o Porto e a dita Coimbra.

3.- Só nos faltava agora mais essa: sermos doravante representados no Parlamento por dois intelectuais da Capital!
Era o cúmulo passarem os Deputados por Aveiro a ser gente de fora – ‘estrangeiros’ para aqui impontados por Lisboa, como ‘comissários políticos para zona subdesenvolvida’ ou ‘tutores de indígenas carecidos de enquadramento’.
Tinha que reagir – e reagi !

4.- Na verdade, o Distrito de Aveiro sempre foi terra de franco acolhimento para quem vem de fora – para aqui trabalhar e viver, valorizando a região (que se torna também sua). Aliás, é esse um dos segredos do nosso crescimento e desenvolvimento. É esta uma das características da nossa identidade: somos gente aberta e hospitaleira, tolerante e liberal, civilizada, moderna, culta e progressiva; todavia – até por isso – nunca tolerámos que nos impontassem mentores!

5.- Disposto a barrar a promoção (à nossa custa) a tais intrusos, procurei apurar quem realmente sejam.

6.- Quanto ao Dr. Pacheco Pereira, foi-me fácil saber que, antes e depois do ‘25 de Abril’, foi comunista radical – daqueles que (aos gritos de “nem mais um soldado para as colónias”) impediram designadamente que Portugal pudesse ter evitado a guerra civil em Timor (e a subsequente invasão indonésia – com os dramas e horrores tão sobejamente conhecidos).
Com sólida formação marxista-leninista, o Dr. Pacheco Pereira tem vários livros publicados sobre o movimento operário e os conflitos sociais em Portugal no início do século.
Constou-me ter agora no prelo um longo escrito sobre as motivações íntimas que o terão levado a renegar o comunismo – opção ideológica que (a manter-se) não lhe teria permitido ‘fazer carreira’ no PSD, como é evidente…
Todavia, segundo notícias de certo semanário, o Dr. Pacheco Pereira recusa o jogo de equipa que a social-democracia pressupõe: ditadorzinho, não quer na campanha eleitoral em curso a companhia do Dr. Gilberto Madail – que limita às vulgares tarefas de motorista: guiá-lo pelo Distrito (que mal conhece). Realmente, o Dr. Pacheco Pereira ainda carece de alguma reciclagem democrática…

7.- Quanto ao Dr. Portas, esfalfei-me a correr bibliotecas e alfarrabistas – à procura dos livros que tivesse dado à luz, donde pudesse inferir qual seja afinal a corrente de pensamento que o norteia. Baldadamente. De facto, o Dr. Paulo Portas apenas publicou um ‘folheto de cordel’ (que me custou 750$00) sobre os malefícios da integração do nosso país na Comunidade Europeia – opúsculo sem qualquer novidade em relação aos numerosos bilhetes-postais que vem subscrevendo no seu jornal (sem erros ortográficos, mas com pouco fôlego – valha a verdade).
Digamos que tais escritos estão para o ‘ensaio’ como as quadras populares para o ‘poema’ – na forma e no conteúdo.
Trata-se de breves crónicas fúteis (embora não tanto como as do MEC, que aliás lhe leva a palma no sentido de humor e imaginação). Espremidas – pingam apenas cinco ou seis ideias, que não chegam sequer para conformar o anarco-conservadorismo (?) que se arroga ser a sua actual matriz ideológica.

8.- Certo é porém ter sido com essas ‘quadras soltas’ que o Dr. Portas concorreu aos jogos florais da política recente – ganhando (por ‘menção honrosa’) a viagem turística ao círculo eleitoral de Aveiro, que o Partido Popular oferecia como prémio para o melhor trabalho apresentado por amadores sobre o tema do ‘antieuropeísmo primário’.
Tenho-me esforçado por lhe estragar tal passeio – com algum êxito.

9.- Julgavam o Dr. Portas e o enfadado Pacheco Pereira (outro excurcionista) que as respectivas candidaturas a deputado por Aveiro eram ‘favas contadas’. Não nos conhecendo, supunham que os aveirenses (’provincianos’ como nos chamam) ficaríamos enlevados e até agradecidos pela sorte (grande) de passarmos a ser representados no Parlamento por ‘lisboetas de tão alto gabarito’ (a expressão não é minha, evidentemente).
Terão assim ficado surpreendidos pelo ‘impedimento’ que – logo após a 1ª anunciação – eu próprio (parente muito chegado da noiva) entendi opôr firmemente ao casamento-de-conveniência que pretendiam contraír com a minha querida região de Aveiro (num escandaloso golpe-de-baú eleitoral – para usar linguagem de telenovela).
Como consequência imediata, eles – que tencionavam ‘casar por procuração’ (que é como quem diz sem-sequer-cá-pôr-os-pés) – tiveram que se dar ao incómodo inesperado de interromper as regaladas férias que gozavam e vir mesmo mostrar-nos os seus dotes.
Estraguei-lhes o arranjinho!

10.- O primeiro a comparecer foi o Dr. Portas.
Chegou de fato novo e ideias velhas.
E instalou-se num hotel da região – escolhido pela mãezinha (no Guia Michelin).
Desde então, quase não tem feito outra coisa senão passar a ‘cassete’ – que gravou contra a participação de Portugal na Comunidade Europeia.
Tão desenvolto como qualquer vendedor de banha-da-cobra, impinge a quem se acerca as suas críticas à integração (aliás com a mesma monotonia com que o Marco Paulo repete ter dois amores).
E confunde deliberadamente os erros crassos cometidos pelo cavaquismo (nas negociações internacionais e no desenvolvimento interno das políticas sectoriais da integração) com a própria integração – o que constitui uma desonestidade intelectual inaceitável.
Pior é quando reclama que seja submetida a referendo a nossa entrada na União Europeia – depois de já termos entrado (e… recebido os milhões e milhões que essa opção facultou aos incompetentes governos do PSD) ! Aliás, o Portas não explica sequer que mirífica alternativa à comparticipação na CE teríamos podido escolher.

11.- Confrontado com questões políticas mais comezinhas (como a regionalização e o tratamento dos resíduos tóxicos), não tem opinião própria ou não sabe para que lado lhe convém cair – e refugia-se então na evasiva: reclama um plebiscito ‘adequado’.

12.- Fundamentalista e vaidoso, o Dr. Portas parece estar convencido de que não existe mais nenhum português inteligente e verdadeiramente patriota – além dele e do Dr. Manuel Monteiro.
Aliás, o Portas tem o nosso povo em fraquíssima conta…
Não obstante, messias da restauração, reclama ‘missionários’ (sic) para o seu ridículo sebastianismo – sem revelar de que Alcácer Quibir pretende afinal a reconquista.

13.- Inseguro, o jovem Portas sublima os seus problemas existenciais numa catarse de legitimidade duvidosa: exacerba as opiniões políticas que defende a um grau de intolerância que excede manifestamente o radicalismo aceitável de quem se move apenas por convicções arreigadas – tornando-se injusto, maledicente e agressivo.
Aliás, o frenesim que reveste a sua militância é bem um indício dessa terapêutica (praticada que foi, também, por ‘chefes’ cujos nomes a História registou – mal comparando…).

14.- Políticamente, o Portas é um ‘bluff’ – produto acabado de certos meios intelectualóides da Capital, que funcionam em circuito fechado: por convites mútuos, elogios recíprocos e esquemas de sobrevivência imediata.
Entre muitos outros, fazem parte de tal ‘entourage’ o avinagrado Vasco Pulido Valente (’avinagrado’ de vinagre – entenda-se) e sua piedosa esposa, D. Constança Cunha e Sá – ambos comungando os chorudos ordenados que “O Independente” (assim chamado) do Dr. Portas lhes paga, pelas crónicas de mal-dizer que semanalmente ali escrevinham, no cómodo formato A4.
Também o inefável Miguel Esteves Cardoso colabora no endeusamento do Portas, rebuscando a favor do patrão os trocadilhos que lhe deram notoriedade há mais de 20 anos – aquando era uma espécie de menino-prodígio da escrita fútil.
Pena que tenha deixado de ser prodígio e se mantenha menino; pena que desperdice agora o seu inegável talento juvenil a produzir romances pornográficos – ainda que muito apreciados pelas pegas e pederastas do Intendente e pelo crítico Henrique Monteiro, que os reputa (o termo é adequado) como peças exemplares da literatura moderna.

15.- O Portas é elitista. Mas simula demagogicamente interessar-se pelos problemas daqueles a quem, no seu milieu, é uso chamar ‘as classes baixas’ – como aconteceu recentemente na Bairrada, quando fingiu participar na vindima que gente simples e autêntica da terra levava a cabo (por castigo andando agora, há já várias noites, a pôr ‘creme nívea’ na sua mãozinha mimosa, nunca antes maltratada por qualquer alfaia agrícola).

16.- O Portas é dissimulado: esconde da opinião pública parte da sua verdadeira identidade.
Concretamente, oculta que é monárquico – opção que, sendo embora legítima, tinha obrigação de revelar àqueles a quem pede o voto para deputado da República !
É a tal ‘falta de transparência política’ que critica – nos outros, claro…

17.- O Portas é um democrata precário: por falta de formação ou informação, por carência de convicções ou por incoerência, rejeita a aplicabilidade universal da regra ‘”um homem-um voto” – verdadeiro axioma da Democracia essencial.
Assim sendo, não me admiraria nada que o Dr. Portas resvalasse a curto prazo para a defesa de soluções autoritárias para a governação dos portugueses, que (no seu entender) revelam “uma estranha tendência para o precipício”.

18.- Eleitoralmente, o Portas é desleal: vicia as regras do jogo. Na verdade, tendo-se feito substituir formalmente na direcção d’ “O Independente” (assim chamado), usa agora tal semanário como jornal-de-campanha privativo, aí publicitando escandalosamente os seus palpites e auto-elogios e atacando e denegrindo os adversários – com a cumplicidade na batota do respectivo ‘conselho editoral’ !
Porque não sou ‘queixinhas’, não vou lamentar-me nem reclamar contra tão anómalo procedimento – junto da comissão-de-ética do Sindicato dos Jornalistas, junto da Alta Autoridade para a Comunicação Social ou mesmo junto da Comissão Nacional de Eleições.
Não vou sequer queixar-me à mãezinha do Dr. Paulo Portas. Tão-pouco protestarei junto do Dr. Nobre Guedes – tido por ‘dono do jornal’ -, até porque sei que anda absorvidíssimo por visitas diárias a feiras e mercados e pelas demais tarefas da sua própria ‘candidatura a sanguessuga’ (também pelo PP), sem que lhe reste tempo para se preocupar com subtilezas e ninharias éticas.
Aliás, provavelmente não será especialista em ‘deontologia profissional do jornalismo’.
Assim sendo, remeto a apreciação da chocante conduta do Dr. Portas e d’ “O Independente” para a opinião pública e para os jornalistas Daniel Reis, Cáceres Monteiro, César Principe e José Carlos de Vasconcelos – tidos por profissionais honestos, competentes e livres (aliás como muitos outros). Concretamente, permito-me perguntar-lhes se acham que o comportamento daquele semanário e do Dr. Portas (que usa fazer a apologia dos valores morais sociais) seja éticamente aceitável.

19.- De facto, não é fácil ser-se coerente e sério em política !

20.- Particularmente difícil é porém ‘fazer carreira política’ em Portugal – sobretudo quando não se dispõe do apoio de qualquer dos ‘lobbies’ que condicionam quase toda a nossa actual vida pública. Estou a referir-me à ’solidariedade corporativa’ na promoção individual de que beneficiam os membros da Maçonaria, os confrades da Opus Dei, os agentes dos grupos económicos e – mais recentemente – os parceiros da comunidade ‘gay’. Trata-se de organizações ou agregados que mantêm intervenção (directa ou indirecta) praticamente em todas as estruturas da nossa vida colectiva – também nos partidos políticos e na comunicação social.
Agindo concertada ou avulsamente,os membros de tais ‘lobbies’ têm grande influência sobre muitas tomadas de posição de quem-de-direito e sobre a formação da opinião pública.
Podem designadamente ajudar ao aparecimento de pretensos génios artísticos, ‘heróis sociais’ ou ídolos-de-pés-de-barro (como são muitos dos políticos de sucesso).

21.- Por definição, as interferências do género são discretas ou mesmo subliminares – e passam geralmente desapercebidas aos cidadãos influenciáveis.
Na verdade, quem é que, de manhã, ao acompanhar a torrada e o galão do dejejum com a leitura do ‘Público’, pondera que esse jornal tem dono – e que o editorialista Vicente Jorge Silva é capataz dos respectivos interesses (mesmo quando – agora instalado – escreve considerações que fazem lembrar os tempos remotos e diferentes em que foi considerado pelos situacionistas de então como um jovem rasca da ‘geração de 60′) ?
E quem perceberá que está a ser condicionado na formação da sua opinião, quando escuta na rádio uma análise ou critica – injustamente lisonjeira – da acção de um diplomata, do trabalho de um artista ou da capacidade de um político homossexual proferida por outro homossexual, se não souber que tal apreciação reporta afinal a solidariedade de pessoas da mesma minoria ?

22.- A acção de todos ou alguns desses ‘lobbies’ perpassa de facto os principais partidos – transversalmente.
E, por vezes, é no espírito-de-corpo ou jogo de conveniências dos respectivos protagonistas que se encontra explicação para surpreendentes convívios gastronómicos no ‘Gambrinus’ ou na província e para inesperados apoios ou solidariedades espúrias ocasionalmente detectáveis nos mais variados campos da nossa vida colectiva.

23.- Republicano convicto, socialista humanista e democrata sem transigências, tenho feito o meu discreto percurso de político-não-profissional apenas com a ajuda dos activistas locais do PS e o firme apoio da gente bairrista da região de Aveiro – sem compromissos em relação a qualquer daquelas estruturas ou ‘forças de pressão’. Livre e independente como sempre, enfrento a presente conjuntura eleitoral com justificada confiança.
Estrêla de 3ª grandeza nos céus confinados do meu Distrito, nada me ofusca o brilho fugaz do citado Dr. Portas – cometa ocasional, que desaparecerá deste firmamento tão depressa como apareceu (e… sem deixar rasto).
Tão-pouco me perturba a dimensão aparente do Dr. Pacheco Pereira – lua nova doutras galáxias, que (perdido o fulgor militante que o marxismo-leninismo lhe emprestava) agora só é visível quando reflecte a claridade frouxa dessa extensa nebulosa que se chama PSD.

24.- Na minha terra, sou mais forte do que eles !

25.- Na noite do próximo dia 1 de Outubro, espero poder pendurar no meu cinto de caça política as tais duas aves de arribação – espécies exóticas lisboetas pouco apreciadas na região cinegética de Aveiro: um garnisé-cantante e um pavão-de-monco-caído.
Esses troféus servirão de espantalho a futuras transmigrações para esta ‘zona demarcada entre o Douro e o Buçaco’!»

Carlos Candal

18.6.09

Aldeias da minha/vossa vida

Em 2007, depois de uma viagem em que visitei aldeias (e cidades) históricas e com estórias de Portugal, pensei criar uma rubrica fixa a que chamei «Aldeias e Cidades quase Invisíveis». Acabei por editar apenas três posts (!). A criação do blogue/concurso «Aldeia da minha vida» fez-me pensar novamente nesses lugares quase esquecidos. Várias pessoas participaram escrevendo um texto sobre a/uma aldeia da sua vida. O resultado é muito interessante, vale a pena ler (e, se quisermos, participar no concurso, votando no melhor texto). Mas, bom mesmo, é apontarmos o nome dos locais e viajar cá dentro ao encontro desse património.
Aqui, fica a minha descoberta de Santa Comba da Vilariça (post já publicado).


Entre Bornes e Vila Flôr, na IP2, uma paragem de autocarro onde se lê: "Deixem desabrochar o sonho que existe dentro de vós". Paragem, inversão de marcha, para voltar a sorrir. Uma foto, olhar à volta, montanha, tanta montanha, quem virá aqui apanhar a carreira para a cidade? E logo ao lado reparo num pequeno caminho com a indicação de Santa Comba da Vilariça/Cruzeiros/Pelourinho.


O carro parece encolher nas ruas estreitas. Velhos sentados nas escadas de pedra das casas. Uma faz esquina e concentra um grupo animado. Donas de casa aparecem à janela. Todos sorriem e espreitam, certamente a ver se reconhecem os visitantes. É quinta-feira e no sábado vão começar as festas de Santa Comba. Esperam-se muitos parentes emigrados em França ou Espanha, poderia ser o nosso caso. Mas isso só compreenderemos depois. Por agora, procuramos um lugar para estacionar e, dada a hora, estamos também de olho num restaurante.
A porta da Igreja fecha na mesma altura em que saímos do carro. Pouca sorte, dizemos, mas logo uma senhora nos pergunta se gostaríamos de ver a Santa Comba. Quem? A santa, que por acaso é muito linda, muito linda. E venham, venham, só um bocadinho que vou iluminar o altar. O altar, em talha dourada, fica resplandecente com a luz, e as pinturas dos caixotões do tecto avivam-se.
Foram restaurados há pouco tempo. O senhor padre vai fazendo as obras que é preciso, aos poucos, e todos contribuem, aos pouquinhos. O senhor padre é um homem novo, quer dizer, chegou ali um rapaz e agora deve ter uns trinta e sete. É famoso, é "o padre casamenteiro", porque nenhum dos casamentos que realizou acabou em divórcio. Na sacristia há relíquias, peças com muito valor, um belo São Jorge a cavalo e uma escultura de madeira antiga, a imagem de um santo, descolorada, porque um dia um ajudante decidiu lavá-la com lixívia. Aos pouquinhos, o senhor padre já disse, tudo será restaurado. A senhora é uma simpatia e gosta mesmo do seu trabalho, é responsável pela igreja e sente um imenso orgulho por nos dar a ver tanta beleza. Ama a sua Santa Comba. Perante a imagem, os seus olhos brilham. É mesmo linda. A santa e a senhora que, deve ser dos meus olhos, até acho que se parecem uma com a outra. Agradecemos o acolhimento e despedimo-nos. Pouco tempo depois, antes de partirmos da aldeia, seríamos surpreendidos pela santa. A verdade é que saltou do altar. Mas primeiro vamos ao restaurante.

No café-restaurante Vilariça há um frenesim que se adivinha raro. Agosto é o mês dos reencontros e a procissão é já dali a dois dias. Entram, saem, passam emigrantes e gente da terra. De vez enquando todos se levantam numa mesa para abraçar alguém. Aquele chegou agora mesmo. A viagem, oh, fez-se num instante, de carro, pois, é o hábito. Tem um look muito cool, careca, brinco na orelha, e começam logo a contar-lhe as novidades. A mais divertida aconteceu na noite anterior, uma grande farra com o Carlos, o Eugénio e mais uns quantos, depois de passarem o dia a apanhar as batatas todas do pai do António. Só homens, não sei quantos sacos, e está visto que à noite foi só entornar. Mas no café vivem-se alguns dramas. A morte recente da mulher do senhor ali ao lado é um deles. Quem passa ainda lhe dá os sentimentos, um abraço, umas palavras de consolo. Por momentos ele chora, às vezes até soluça, mas logo se controla. Uma senhora bem apessoada oferece-lhe pragmatismo: "ela foi na hora que tinha que ir, lá chegará a sua vez também". Valem-lhe os amigos, da mesma idade, sentados na sua mesa. Tentam animá-lo. "A ti conheci-te quando aindas eras solteiro. Que idade tens agora? - Setenta e oito." "Lembras-te daquela vez que o morto se mexeu?". Todos se lembravam e a tal senhora também, assustou-se tanto que até torceu um pé. E num instante, está tudo a rir. Quando voltam a ficar sós, os três velhos amigos entram em conversas de escárnio e maldizer. "Fulano de tal que julga que tem sempre razão e que não se pode contradizer". Vidas! Vidas que se cruzam com as nossas enquanto comemos "pica-paus" e outros petiscos.

Na Igreja, a Santa Comba espera-nos à entrada da porta. Ainda há pouco tão quieta no altar-mor e de repente toda saltitante sobre o andor! É preciso amarrá-la melhor.
Com 41 anos de experiência, isso não vai ser problema para o mestre amarrador de santos. Outras igrejas pagariam mais, mas ele mantém-se fiel à terra. Puxa a corda, testa, a santa está fixa, não vai cair. O neto assiste. Veio de Vitoria, no País Basco, que nem todos na aldeia passaram a ser franceses. "E a senhora, quem é o seu sogro?" - Eu, ah, não sou de cá, estou só de passagem. "Pensei que era estrangeira, casada com um dos nossos."


[Fotos de MRF/2007]


ADENDA: O Rui Gonçalves aconselha o restaurante Vilariça, que serve "a melhor Posta à Mirandesa da região" e umas excelentes rabanadas pelo Natal. Eu insisto nos Pica-paus. Ambos concordamos sobre a simpatia do dono da casa (e dos empregados). Telefone: 278 536 258.

Aveiro Berço da Liberdade #2

in Marques Gomes, Aveiro Berço da Liberdade, pp. 15-16

(...)

II


ENTHUSIASMO, por assim dizer una-
nime que produzira o systema consti-
tucional, inaugurado pela revolução de
24 d'agosto, foi arrefecendo pouco a pouco e o
numero de descontentes augmentando de dia
para dia.

Afim de manter aquelle enthusiasmo, e de
inutilisar qualquer esforço que partisse destes
para restaurar o absolutismo, estabeleceram-se
em alguns pontos do paiz differentes sociedades
politicas, mais ou menos secretas. Foi enorme
o incremento que tomou então em Portugal a
maçonaria. Aveiro teve também a sua loja ma-
çónica, que foi a da quinta dos Santos Martyres.
Tem sido ignorada pelos escriptores que até
hoje se teem occupado da historia da maçonaria
em Portugal, a existência d'esta loja, de que a
tradicção constante em Aveiro é testemunho.
Durante muito tempo, e isto succedia ainda ha
quarenta ou cincoenta annos, a casa da quinta
dos Santos Martyres era olhada pelo povo com
horror: ah, dizia-se, os pedreiros hvres deram
tiros na imagem de Nosso Senhor Jesus Christo,
e praticaram outras idênticas atrocidades. Apon-
tavam-se a medo os nomes dos associados, mas
occultava-se quasi sempre o enormíssimo serviço
prestado por esses maus homens á causa da li-
berdade nas suas reuniões. De nada se tratou
de contrario á religião, pois quasi todos, senão
todos, eram fervorosos catholicos, e d'isto da-
vam publico testemunho, como nol-o asseveram
pessoas dignas de todo o credito, ainda feliz-
mente vivas, como são os srs. conselheiro José
Ferreira da Cunha e Sousa e José Maria Ri-
beiro.

Seria hoje inteiramente impossivel organisar
a lista dos membros da loja dos Santos Marti-
res, se não fosse a devassa a que, em virtude do
decreto de 20 de junho de 1823, se procedeu
n'esta comarca e de que nos ofíereceu uma co-
pia authentica o distincto publicista sr. dr. José
Francisco Lourenço d'Almeida e Medeiros, que a
encontrou, entre os papeis de seu pae, o desem-
bargador Francisco Lourenço d'Almeida, liberal
decidido, que fora quem mais concorrera para a
organisação da mesma loja. Por este documento
e por outras informações que pude colher ha
annos, vê-se que fizeram parte d'ella: Francisco
Lourenço d'Almeida, desembargador da relação
da Bahia e natural de Fermelã, concelho de Es-
tarreja ; Filippe António Monteiro, Bazilio de
Oliveira Camossa, sargento-mòr de ordenanças
e cavalleiro de Malta (o irmão terrível); António
Cardoso de Barros Loureiro Sequeira e Qua-
dros, de Couto de Esteves; João dos Santos Re-
zende, negociante (o irmão aridador) ; Caetano
Xavier Pereira Brandão, ex-juiz de fora da co-
marca (o interrogador); Carlos Cardoso Moniz,
provedor da comarca; José Joaquim Homem, juiz
de fora d'Eixo; António José de Castro, juiz de
fora de Recardães ; António Xavier Cerveira e
Sousa, juiz de fora de S. Lourenço do Bairro;
António Joaquim Santiago, ex-juiz de Oliveira
do Bairro; dr. Manuel da Rocha Couto, lente de
cânones e natural d'ílhavo, deputado na primeira
legislatura que se seguiu ao congresso consti-
tuinte; dr. João Agostinho Martins da Silva, de
Sever do Vouga; dr. Joaquim José de Queiroz,
desembargador da Relação da Bahia (irmão rosa
cruz); António José dos Santos, ajudante do ba-
talhão de caçadores lo; Telles, tenente de caça-
dores lo; Luiz Gomes de Carvalho, tenente-coro-
nel de engenharia e encarregado das obras da
barra (o cavalleiro da vingança); Carlos Cardoso,
provedor da comarca (o cavalleiro do punhal);
António de Azevedo e Cunha, tenente-coronel de
caçadores lo (o irmão venerável) ; António Cle-
mente Cardoso, José Maria da Fonseca Moniz,
tenente de caçadores lo e mais tarde general e ba-
rão de Palme; Castro, tenente de caçadores lo:
dr. Joaquim de Chuqre Albuquerque, de Sever do
Vouga; dr. João Nepumoceno da Silva Figuei-
redo, monteiro-mór de Ovar; António Carlos de
Mello, bacharel em medicina; dr. Luiz Cypriano
Coelho de Magalhães, pae de José Estevão; Eva-
risto Luiz de Moraes, escrivão do geral: dr. Agos-
tinho Pacheco Telles, da Aguieira, depois sub-
prefeito do districto de Aveiro e senador na le-
gislatura em 1839 a 1841; Filippe António .Mon-
teiro Baeta, alferes de caçadores 10, e dr. João
Gonçalves .Aleirelles Monteiro.

Victoriosa a revolução que proclamou o resta-
belecimento dos inauferíveis direitos de D. João vi,
foi em 8 de junho de 1823, por ordem do go-
vernador militar interino d'esta cidade, barão
de Villa Pouca, passada minuciosa busca á casa
e quinta dos Santos Martyres.


Continua

16.6.09

BMW e um anúncio que vocês nunca viram



É claro, este filme foi rejeitado pela BMW. Well, they never saw it because they rejected the envelope that contained a copy of it... One day shoot with now famous Guillaume Lemay-Thivierge, around 2002. An idea from the twisted mind of TV writer Barclay Fortin. We did it just for fun...

Mas, quem quiser saber (muito) mais sobre a campanha BMW que levou à criação do Leão de Titanium em Cannes (2003), conduza até ao outro lado do oceano. Destino: Propaganda Interactiva.

15.6.09

D&AD, design art direction

A sociedade Design and Art Direction atribuiu um Lápis Amarelo ao Público, na categoria Magazine & Newspaper Design. No total, a D&AD entregou 50 Lápis Amarelos em categorias que vão de sites publicitários a instalações digitais, passando pelo design de produto. Mas foram entregues apenas quatro Lápis Negros, os mais cobiçados e raros prémios D&AD. Fui conhecer os produtos vencedores do Lápis Preto. O primeiro, na categoria Integrated, é Million, uma espécie de Magalhães do New York City Department of Education. Em 2008, a campanha Million já ganhara o Leão de Titanium em Cannes*.


Million | New York City - Cannes Lions 2008 por brainstorm9 no Videolog.tv.

Vejam o vídeo na íntegra, aqui.
TITANIUM LION - Cannes 2008
Title: MILLION
Advertiser/Client: NEW YORK CITY DEPARTMENT OF EDUCATION
Product/Service: EDUCATIONAL PROGRAM
Entrant Company, City: DROGA5, New York
Country: USA


O segundo Lápis Negro foi também para a Drogas5, na categoria Escrita: o filme chama-se «The Great Schlep» e visava captar votos judeus para Barack Obama. É protagonizado pela comediante Sarah Silverman e é delicious!



O terceiro Lápis Negro foi para uma escultura cinética exposta no museu BMW. Suspensas por fios praticamente invisíveis, esferas dançam soltas no espaço, numa coreografia aparentemente livre. No final elas formam a silhueta de um modelo já antigo da marca. Poético e muito tecnológico.


O quarto Lápis Negro foi para o designer Matthew Dent. No seu site, podem ver as novas moedas da coroa britânica e perceber o conceito do criador. I could imagine the coins being played with, looked at and enjoyed in a way which was foreign to coinage, and could imagine their appeal for kids messing with them in school as much as for folks in a pub.

Enfim, 4 lapinhos, muitas ideias e este parece um mundo mágico!


* O Leão de Titanium (Cannes) pretende premiar projectos inovadores e integrados, ou seja, que envolvam uma convergência dos media, algo que se está a tornar cada vez mais obrigatório para uma comunicação eficiente. Desde que foi criado em 2003, o Titanium tornou-se o prémio mais desejado e disputado do Festival de Cannes. A sua criação deve-se ao famoso e já clássico projecto BMW Films, The Hire. Para quem não se lembra, era uma série de filmes feitos por famosos directores de cinema, como Ridley Scott, John Frankenheimer, Ang Lee e John Woo, onde um modelo da BMW fazia sempre parte da história. A proposta não se enquadrava em nenhuma das categorias tradicionais do festival. Como todos os filmes ultrapassavam os 60 segundos, a BMW decidiu usar todos os meios de comunicação para convidar o consumidor a assisti-los na internet, criando aí a tal convergência.

Casa do Avô de Eça de Queiroz em Verdemilho

Curiosamente, a citação com que Marques Gomes inicia a obra Aveiro Berço da Liberdade - O Coronel Jeronymo de Moraes Sarmento, é também escolhida por Joaquim de Mello Freitas no seu texto «Casa do Avô de Eça de queiroz em Verdemilho» (incluido em Eça de Queiroz, Dicionário de Milagres e outros escritos dispersos, Lello & Irmão - Editores Porto, edição de 1980 conforme a edição de 1900):

Entretanto foi na cidade de Aveiro que se ouviu o primeiro grito da restauração da Pátria.
Soriano, Vida de Sá da Bandeira, t. I, pág. 141


Ao que segue o seguinte (primeiro) parágrafo:

"As ruínas que hoje aparecem em estampa são destroços de grande prédio construído no lugar de Verdemilho, à volta de 1835, pelo desembargador Joaquim José de Queiroz, avô paterno do romancista."


Continua

13.6.09

Aveiro Berço da Liberdade

Descobri uma jóia no ano em que se comemoram os 250 anos de elevação de Aveiro a cidade! E este é um daqueles tesouros que se quer partilhar...



Aveiro Berço da Liberdade - O Coronel Jeronymo de Moraes Sarmento,
por João Augusto Marques Gomes, Porto, Imprensa Portuguesa, 1900
[
Ler on line ou em pdf. Aqui, clicar nas setas para percorrer as várias páginas]


Aveiro foi a primeira cidade onde appareceu de facto o primeiro grito de guerra contra as pretensões de D. Miguel, levantado na manhã do dia 16 de maio pelo ba-
talhão de caçadores 10 e por vários cidadãos com elle associados.


Soriano — Historia do cerco do Porto.
Lisboa, 1S46. Tomo i, pag. 240.


ENTHUSIASMO pela liberdade, em
Aveiro, vem de longe, data de 1820.
Os trabalhos do synhédrio portuense
tinham ramificações n'esta cidade. Uma parte da
officialidade de caçadores 10, o tenente-coronel
de engenheria Luiz Gomes de Carvalho, e o
desembargador Fernando Alfonso Geraldes, que
ambos então aqui residiam; o juiz de fora José
de Vasconcellos Teixeira Lebre, alguns vereado-
res e outras pessoas mais, estavam no segredo
da revolução; e, se não se secundou logo o mo-
vimento de 24 d'agosto, foi isso devido unica-
mente á intransigência do commandante d'aquel-
le batalhão, um official inglez, aliás muito dis-
tincto e disciplinador, o major Linstow.

No dia 26 chegou a Aveiro, vindo de Lisboa,
o marechal de campo Manuel Pamplona Carneiro
Rangel, que, pela regência, havia sido encarrega-
do do commando militar do Porto e que para ali
se dirigia. Novo embaraço para a revolução que
se preparava. Pamplona, informado dos succes-
sos do Porto, e vendo que não podia confiar em
que Aveiro se conservasse fiel ao governo de Lis-
boa, attenta a exaltação de espirito que se prin-
cipiava a notar em muitos dos seus habitantes,
retrocedeu para Coimbra no dia 29, levando com-
sigo caçadores 10. N'esta cidade ficou apenas
uma parte do regimento de miilicias e uma com-
panhia de veteranos. Ao tempo já o juiz de fora
Teixeira Lebre, havia sido informado do Porto,
por Luiz Gomes de Carvalho, que se dirigia para
aqui com o batalhão de caçadores 11, o coro-
nel Bernardo de Castro Sepúlveda, afim de au-
xiliar o pronunciamento da cidade.

Logo que sahiu Pamplona para Coimbra,
aquelle magistrado assentou com a camará, de
que fazia parte como vereador Manuel Sebastião
de Moraes Sarmento (chefe da familia que de-
pois em Aveiro mais padeceu pela liberdade, e
pae de Jeronymo de Moraes Sarmento, cuja bio-
graphia é o assumpto principal d'este trabalho),
que a proclamação do novo governo se fizesse
na manhã do dia 30, e que ella coincidisse com
a chegada do coronel Sepúlveda.

Assim se fez. Pelas dez horas da manhã
d'aquelle dia — ao apparecer aquelle valente cau-
dilho da liberdade, vindo de Albergaria-a-Velha
e Angeja, onde acabava de levantar o grito da
revolta, ouviram-se enthusiasticos «vivas á santa
religião, a el-rei D. João vi, ás cortes e á consti-
tuição», dados pelo regimento de milicias de
Aveiro, e companhia de veteranos, e povo, que
estacionava em frente da casa da camará, onde,
ao tempo, se achavam já reunidos todos os ve-
readores, as auctoridades da comarca, e o clero,
nobreza e povo.

Pelo juiz de fora foi proposto, que esta cida-
de devia adherir ao movimento iniciado no Por-
to, reconhecendo a «Junta provisória do supre-
mo governo do reino» que ali se acabava de es-
tabelecer, o que foi approvado por- acclamação
no meio de calorosos vivas.

De tudo se lavrou auto no livro das verea-
ções que depois, por ordem da secretaria dos
negócios do reino de 21 de agosto de 1823, foi
aspado de sorte que se não lê. Contém o auto
approximadamente cento e vinte assignaturas,
entre as quaes se lêem, ainda que a custo, as
de Fernardo de Castro Sepúlveda (è a primei-
ra), José de Vasconcellos Teixeira Lebre, juiz de
fora; Manuel José de Freitas, João Nepumoceno
da Silva, António José de Freitas, Fernando
Affonso Geraldes, Luiz Gomes de Carvalho, An-
tónio José Gravito da Veiga e Lima, tenente-co-
ronel de milicias de Oliveira d'Azemeis ; João
Rangel de Quadros, Dionysio de Moura Couti-
nho, capitào-mór de Esgueira ; Miguel Rangel
de Quadros, capitão-mór de Aveiro; Francisco
Rodrigues de Figueiredo, capitão-mór de Eixo;
António Rangel de Quadros, Francisco António
de Castro, Joaquim António Rodrigues Galhar-
do, Alexandre Ferreira da Cunha, Gabriel Lo-
pes de Moraes Picado de Figueiredo Balacó,
Manuel José Alves Ribeiro, capitão de vetera-
nos; Francisco José d'0liveira, cirurgião-aju-
dante de caçadores 10; Joaquim António Plá-
cido, cidadão advogado; José Lucas de Sou-
sa da Silveira, José Pereira da Cunha, cidadão
medico do partido da camará; Bazilio d'0liveira
Camossa, sargento-mór; Lourenço Justiniano da
Costa, Manuel Rodrigues Tavares de Araújo
Taborda, António Dias Ladeira de Castro, Joa-
quim Leite de Faria, Bento José Mendes Gui-
marães, José António Rezende, Agostinho de
Sousa Lopes, Evaristo Luiz de Moraes, padre
José Bernardo Mascarenhas, João António Mo-
niz, alferes; Francisco Thomé Marques Gomes,
fr. Joaquim Xavier de Campos, fr. João Ribeiro
Guimarães.

Deprehende-se d'esta lista que esteve presente ao acto
tudo
que em Aveiro havia de mais distincto, e que, se
alguém faltou, foi involuntariamente, por que depois, successiva-
mente, vieram prestar juramento ás novas insti-
tuições os que então não tinham comparecido,
a principiar pelo bispo da diocese D. Manuel
Pacheco de Rezende.

O espirito da liberdade radicou-se bem de-
pressa no animo da maioria dos aveirenses, mas
isto não obstou a que o systema absolutista
contasse também aqui adeptos fervorosos.


Continua

11.6.09

Of course, at the moment you're still stronger than I am*

Mário Tendinha
Série ...lá para o Sul..., Bue de cansaço



Na CPLP e na grande diáspora da língua portuguesa, alternamos sempre entre Caliban e Prospero. Acho que até aprecio essa qualidade híbrida, tão portuguesa. Mas, no que diz respeito ao ensino da língua portuguesa, não perdoo. A tempestade que o ministro Pinto Ribeiro ambiciona é bem necessária e não deixa de ser um prazer ouvir o discurso. Mas. Mas. Em França, que eu saiba, para estudar em língua portuguesa, existe apenas o Lycée international de Saint-Germain-en-Laye (secção Portuguesa: Collége Pierre et Marie Curie), acessível a uma mui pequena minoria do milhão de portugueses concentrados à volta de Paris. E não, essa possibilidade não decorre de qualquer iniciativa do Estado português. Conhecemos, é certo, a boa reputação da Escola Portuguesa de Macau. Caso raro! Dito de outra forma, quando pensamos emigrar para um qualquer país que não integre a CPLP, onde podemos encontrar uma escola ou liceu português? Pensemos apenas nas capitais europeias... Deixo-vos todas as informações para a admissão no Lycée Internacional (França). Enviem-me outras relativas a estabelecimentos de ensino existentes por esse mundo fora. Somos um país de emigrantes, a grande diáspora, bla bla bla... Eles devem existir...


Neste mundo globalizado, eu não concebo a educação e formação identitária multicultural dos meus filhos sem esse elemento básico: o conhecimento da língua e cultura maternas. Pelo que nunca é tarde demais, sr. Ministro, mas...



*Palavras de Caliban na peça de Aimé Césaire, Une Tempete: Acto 3, Cena 5.
[Nesta peça, Césaire inspira-se na obra The Tempest de Willian Shakespeare e usa o personagem Caliban como símbolo dos povos colonizados (por oposição, Prospero simboliza o colonizador europeu)]

8.6.09

Deixa-me rir



Sou sensível ao infortúnio: «os imóveis de Dias Loureiro estão registados em nome de familiares ou pertencem a sociedades sedeadas em paraísos fiscais. As contas bancárias que tem em seu nome, por outro lado, possuem saldos médios que não ultrapassam os cinco mil euros». O Jorge Palma tem tantas canções a propósito destas desgraças da vida. Animemos o ex Conselheiro de Estado!

É a dança mais pungente
mão atrás e outra à frente
valsa de um homem carente



Adenda 9-06: Caso BPN/Dias Loureiro garante que não tem bens em empresas offshore.
Pronto, passemos a outra canção: À espera do fim

Não gosto desta cor

Eleições Europeias - Portugal
Gráfico DN


Desta vez concordo com o Alberto João Jardim. Ele recomenda prudência ao PSD. Eu também. Nem pensem que esta mancha laranja se vai manter nas Legislativas. Era mau demais.

Enfim, há boas notícias: a subida (esperada) do BE colocou-o como a terceira força política do país. O BE merece. e o país também.

Em Aveiro, e já pensando nas Autárquicas, o cenário tornar-se-ia muito mais interessante (parabéns, Nelson) se o risco de termos mais do mesmo não se repetisse. O CDS tem mesmo que se agarrar à Coligação com o PSD (e parece que já tem a aliança assegurada/se o PSD imaginasse este resultado eleitoral, talvez não fosse assim). Mas o PS, o PS vai agarrar-se a quê? Dada a lógica dominante, os meus caros concidadãos vão acabar por reeleger Élio Maia... para penalizar Sócrates! É mau demais.

7.6.09

Eleições


Vá, toca a votar! Se esqueceu o número de eleitor e não sabe a freguesia de recenseamento, sabe de certeza o seu nome, nº do BI e data de nascimento. Digite aqui e o caso fica resolvido. quer dizer, quase.



[Imagem: Duarte Vitória - In Side I - Óleo s tela - 120x100 cm - 2007]

6.6.09

Parlorama


Segundo o Parlorama.eu, Ilda Figueiredo (CDU), Paulo Casaca (PS), Pedro Guerreiro (CDU), Ana Gomes (PS) e Jamila Madeira (PS) foram os deputados europeus mais activos no conjunto da representação portuguesa no Parlamento Europeu. A nota de cada membro do Parlamento europeu é atribuída em função do número de presenças e do número de actividades desenvolvidas. No cálculo, este último aspecto é valorizado face ao primeiro*. Alguns exemplos:

Ilda Figueiredo é vice-presidente da Comissão de Emprego e Assuntos Sociais, membro da Comissão dos Direitos da Mulher e da Igualdade dos Géneros, participou em 93% das sessões plenárias, apresentou 17 questões para debate, 461 questões escritas, 9 opiniões, 2 declarações escritas, 7 relatórios, 48 moções.

Paulo Casaca não consta da actual lista de candidatos mas, enquanto foi deputado europeu, integrou três comissões (Orçamentos, Pescas, Relações com o Irão), participou em 93% das sessões plenárias, apresentou 5 questões para debate, 225 questões escritas, 2 opiniões, 9 declarações escritas, 7 relatórios, 22 moções.
O desempenho de Vital Moreira, logo veremos. Já
Edite Estrela é a número dois da lista socialista apesar de Ana Gomes, Jamila Madeira, Elisa Ferreira, Emanuel Jardim Fernandes, Capoulas dos Santos ou Manuel dos Santos terem ficado melhor posicionados no «ranking dos deputados portugueses no PE». Na verdade, dos candidatos que se mantêm na lista do PS, só Armando França e Joel Hasse Ferreira apresentam índices de actividade (bastante!) inferiores aos de Edite Estrela. Como pode Joel Hasse apresentar-se na lista à frente de Jamila Madeira? (sendo que Armando França deve voltar a Ovar, de onde não deveria ter saído)

Dos actuais 7 eurodeputados social-democratas, só Carlos Coelho se mantém. A renovação era urgente se tomarmos em consideração as notas obtidas pelos seus colegas (excepção: Vasco Graça Moura). A lista que os conselheiros nacionais do PSD aprovaram tem como quatro primeiros nomes Paulo Rangel, Carlos Coelho, Graça Carvalho e Mário David. Regina Bastos, actual presidente da Assembleia Municipal de Aveiro, é a 7ª da lista, estando assim numa posição elegível (dizem que por cá não vai deixar saudades). Para além de Carlos Coelho, não há dados para antecipar o que será a prestação dos representantes portugueses na ala PPE-DE. Pelo CDS-PP, (também) saiem José Ribeiro e Castro e Luís Queiró; vamos ver se entra Nuno Melo.

Miguel Portas, do BE, é membro da Comissão dos Negócios Estrangeiros, participou em 74% das sessões plenárias, apresentou 5 questões para debate, 3 opiniões e uma declaração (Gaza, Guantanamo) , um relatório sobre a integração dos imigrantes na Europa, através de escolas e de um ensino multilingue. Integra o grupo GUE (Gauche Unitaire Européenne)/NGL com os representantes da CDU. Seria bom se levasse a número 2 da lista do BE consigo, Marisa Matias.

Não baseamos as nossas escolhas políticas nestes dados - quantitativos e qualitativos (uma vez que é possível lermos, on line, o conteúdo das questões e relatórios). Mas eles são importantes para aprofundar o nosso conhecimento sobre a actividade dos deputados europeus e, dessa forma, sobre os debates e resoluções do PE. que parecem tão distantes do nosso quotidiano, mas não estão. ou seja, excelente para acabar com as ideias fixas.


Sugestão: replicar o modelo e divulgar o registo de presenças e actividades dos deputados na Assembleia da República. para acabar com as práticas fixas.



* Ficha técnica sobre o processo de classificação dos eurodeputados, que inclui uma nota de presença, uma nota de actividade e a soma de ambas (nota geral, aplicando o coeficiente de 1 à n. de presença e o coeficiente de 2 à n. de actividade): aqui.


[Imagem: René Magritte. L'Idée fixe. 1928. Oil on canvas. 81 x 116 cm]

4.6.09

Memórias póstumas de um realizador (estranhamente) vivo

«Grande» (do pior!) Entrevista de Judite de Sousa sorriso olhos brilhantes a Manoel de Oliveira sereno paciente, há pouco na RTP. 100 anos, qual é o segredo da longevidade, 100 anos, como é viver com 100 anos, o que pensa do amanhã alguém com 100 anos, 100 anos, pensa na morte certamente, 100 anos, tem medo da morte, 100 anos, que projectos quer terminar, 100 anos, ah tem muitos projectos, sorriso olhos brilhantes, 100 anos, atravessou todo o século XX sem se envolver politicamente, sorriso olhos brilhantes, sou um humanista, 100 anos, foi preso pela PIDE, sorriso olhos brilhantes, a sua mulher foi um esteio na sua vida, cuidou dos filhos, sorriso olhos brilhantes, 100 anos, quando era criança já ia ao cinema, havia cinema? 100 anos, como gostaria de ser recordado? pois, mas como gostaria de ser recordado?

Se o Manoel de Oliveira sobreviver à tortura psicológica que a terrível Judite lhe infligiu, vai durar outros 100 anos. Judite, o Manoel de Oliveira É o Manoel de Oliveira, não foi... O Brás Cubas é que FOI, mas noutro século! Judite, repõe o teu cálcio...