Não compreende logo o que está a ver, embora ache que sim. No primeiro momento, com a sua ansiedade e curiosidade, atribui-lhe proporções planetárias: é um meteoro a arder no céu de Londres, a atravessá-lo da esquerda para a direita, perto do horizonte, mas bem visível dos edifícios altos. (...) Aquilo está a deslocar-se devagar, até majestosamente. (...) É um cometa colorido de amarelo, com o seu habitual núcleo brilhante a arrastar uma cauda feérica. (...)
Mas isto é melhor, mais brilhante, mais rápido, e mais impressionante por ser inesperado. Deve ter-lhes escapado a cobertura nos meios de comunicação. Têm trabalho a mais. Vai acordar Rosalind (...).
Está a dirigir-se para a cama quando ouve um estrondo rouco, um trovão distante que vai aumentando de volume, e pára para ouvir. Isso diz-lhe tudo. (...) Horrorizado, regressa à sua posição na janela. O som vai subindo de volume, numa progressão constante (...).
Apesar das luzes da cidade, os contornos do avião não são visíveis na escuridão da madrugada. O fogo deve ser na asa mais próxima (...) Como a fingir normalidade, as luzes do trem de aterragem vão a piscar, mas o som do motor diz tudo.(...)
Já não está a pensar acordar Rosalind. (...)
O núcleo branco a arder e a sua cauda colorida tornaram-se maiores - nenhum passageiro que estivesse sentado nessa parte do avião poderia sobreviver. É esse o outro elemento familiar - o horror do que não consegue ver. Assistir à morte em larga escala sem ver ninguém morrer. (...)
Se Perowne fosse dado a sentimentos religiosos, a explicações sobrenaturais, diria que foi chamado, que tinha de reconhecer uma ordem escondida, uma inteligência exterior que queria dizer-lhe ou mostrar-lhe qualquer coisa pelo facto de ter acordado com um estado de espírito tão pouco habitual e de ter ido à janela sem nenhum motivo especial. (...)
Pode ter sido um raciocínio deste tipo a causar o fogo no avião. Um homem com uma fé inabalável e uma bomba no salto do sapato.
[Sábado, pp 23 a 28]
Se este fragmento do último livro de McEwan suscitar o efeito pretendido, no próximo Sábado podereis comprar Sábado na livraria O Navio de Espelhos, a partir das 21:30, ou seja, aquando do lançamento do livro "Numa Avenida de Merda" de Ivar Corceiro. Já marcaram na agenda? - Numa Avenida de Merda e Sábado, Sábado.
Mas isto é melhor, mais brilhante, mais rápido, e mais impressionante por ser inesperado. Deve ter-lhes escapado a cobertura nos meios de comunicação. Têm trabalho a mais. Vai acordar Rosalind (...).
Está a dirigir-se para a cama quando ouve um estrondo rouco, um trovão distante que vai aumentando de volume, e pára para ouvir. Isso diz-lhe tudo. (...) Horrorizado, regressa à sua posição na janela. O som vai subindo de volume, numa progressão constante (...).
Apesar das luzes da cidade, os contornos do avião não são visíveis na escuridão da madrugada. O fogo deve ser na asa mais próxima (...) Como a fingir normalidade, as luzes do trem de aterragem vão a piscar, mas o som do motor diz tudo.(...)
Já não está a pensar acordar Rosalind. (...)
O núcleo branco a arder e a sua cauda colorida tornaram-se maiores - nenhum passageiro que estivesse sentado nessa parte do avião poderia sobreviver. É esse o outro elemento familiar - o horror do que não consegue ver. Assistir à morte em larga escala sem ver ninguém morrer. (...)
Se Perowne fosse dado a sentimentos religiosos, a explicações sobrenaturais, diria que foi chamado, que tinha de reconhecer uma ordem escondida, uma inteligência exterior que queria dizer-lhe ou mostrar-lhe qualquer coisa pelo facto de ter acordado com um estado de espírito tão pouco habitual e de ter ido à janela sem nenhum motivo especial. (...)
Pode ter sido um raciocínio deste tipo a causar o fogo no avião. Um homem com uma fé inabalável e uma bomba no salto do sapato.
[Sábado, pp 23 a 28]
Se este fragmento do último livro de McEwan suscitar o efeito pretendido, no próximo Sábado podereis comprar Sábado na livraria O Navio de Espelhos, a partir das 21:30, ou seja, aquando do lançamento do livro "Numa Avenida de Merda" de Ivar Corceiro. Já marcaram na agenda? - Numa Avenida de Merda e Sábado, Sábado.